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14 de junho de 2011

Carta das cidades educadoras (cont.): a pedagogia intergeracional e a pluralidade de modos de governar

          [...] As crianças e os jovens não são mais protagonistas passivos da vida social e, por consequência, da cidade. A Convenção das Nações Unidas de 20 de Novembro de 1989, que desenvolve e considera constrangedores os princípios da Declaração Universal de 1959, tornou-os cidadãos e cidadãs de pleno direito ao outorgar-lhes direitos civis e políticos. Podem associar-se e participar em função do seu grau de maturidade.
           A proteção das crianças e jovens na cidade não consiste somente no privilegiar a sua condição. É preciso cada vez mais encontrar o lugar que na realidade lhes cabe, ao lado dos adultos que possuem como cidadãos a satisfação que deve presidir à coexistência entre gerações. No início do século XXI, as crianças e os adultos parecem necessitar de uma educação ao longo da vida, de uma formação sempre renovada.
         A cidadania global vai se configurando sem que exista ainda um espaço global democrático, sem que numerosos países tenham atingido uma democracia eficaz respeitadora dos seus verdadeiros padrões sociais e culturais e sem que as democracias de longa tradição possam sentir-se satisfeitas com a qualidade dos seus sistemas. Neste contexto, as cidades de todos os países devem agir desde a sua dimensão local, enquanto plataformas de experimentação e consolidação duma plena cidadania democrática e promover uma coexistência pacífica graças à formação em valores éticos e cívicos, o respeito pela pluralidade dos diferentes modelos possíveis de governo, estimulando mecanismos representativos e participativos de qualidade. 
        A diversidade é inerente às cidades atuais e prevê-se que aumentarão ainda mais no futuro. Por esta razão, um dos desafios da cidade educadora é o de promover o equilíbrio e a harmonia entre identidade e diversidade, salvaguardando as contribuições das comunidades que a integram e o direito de todos aqueles que a habitam, sentindo-se reconhecidos a partir da sua identidade cultural.
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          Ao sublinhar a importância de se pensar a cidade para as crianças e jovens, este trecho da Carta também aponta para o risco da criação de guetos e ambientes exclusivos no meio urbano, mas também para a necessidade de  aprofundamento do pensamento em torno da pedagogia intergeracional.
          De fato, este tipo de educação acontece o tempo todo. É o aprender da cidade, de que fala Bernet, isto é, a visão da cidade como lugar de um agenciamento informal de educação. Vá a um parquinho e lá estarão adultos, velhos e crianças em interação educativa.
          Na sala de aula da Educação de Jovens e Adultos este tipo de convivência também é muito forte. Lá estão, jovens (atualmente praticamente adolescentes) e anciãos, idosos, adultos. Esta vem a ser uma dificuldade na condução do processo mas também uma das maiores riquezas da EJA.
          Há estudos que buscam explorar mais esta troca, fazendo da música, por exemplo, um foco de articulação de saberes.
          A Pedagogia Griô incorporou  o  fator intergeracional em sua ação pedagógica e tem, na Roda da Vida e das Idades, um importante modo de aprendizagem, cabendo aos velhos a passagem da tradição  às crianças, sobretudo através da oralidade.
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          Em busca de situações que mostrassem o intergeracional pela cidade, consegui flagrar apenas três, um número nem de longe satisfatório. Fica o convite. Observem em volta e percebam o modo como as gerações se relacionam e se ensinam mutuamente. Nossos votos é que a pedagogia escolar possa encontrar caminhos de assimilar a integeracionalidade cada vez mais.

Nota: a questão da pluralidade dos modos de governar entra para a lista de espera de assuntos a serem desenvolvidos.
Criança e casal no Teatro Municipal

Criança e adulto jogando na calçada

Bebê, mãe e pai em bloco de carnaval

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