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29 de junho de 2011

Praça 15 cronológica

séc. XVI: o lugar era conhecido como Terreiro do Carmo

c. 1570: uma devota ergue na rua Direita a capelinha à Nossa Senhora da Expectação e do Parto. O povo prefere chamar de Nossa Senhora do Ó (Ó Virgem Maria da Expectação...). À frente da capela, há um descampado onde pessoas se reúnem antes da missa.

1589: a capela Nossa Senhora do Ó é doada aos carmelitas, há dez anos sem pouso. Eles mudam a invocação para Nossa Senhora do Carmo. À frente, um extenso areal à beira mar.

1605: um pouco adiante, funda-se o “Forte da Cruz” (que nunca funcionou). É a primeira construção da atual rua do Ouvidor. Nesta época, denominada “Desvio do Mar”, “Aleixo Manuel”, “Gadelha”, e rua da “Cruz”. Inicia-se a construção da capela original de São José, ao lado do mar. 

1613: constrói-se a alfândega, ou a “casa de ver-o-peso”, em frente ao caminho do “Capoeirussú” (“Capoeira Alta”, em tupi), rebatizado mais tarde de Rua da Alfândega.

1619: trazida do Morro do Castelo, é instalada, ao lado da Capela de São José, a “Câmara Municipal e Cadeia”, então uma casa de taipa. Neste século, a praça passa a ser conhecida como Largo do Terreiro da Polé porque os vereadores erguem num de seus cantos o pelourinho ou “polé”, poste de alvenaria, símbolo da municipalidade.

1623: o Forte da Cruz é doado à irmandade de militares, que faz ali uma capela e depois a igreja da Santa Cruz dos Militares.

1643: Metrópole passa a pagar aluguel para o Governador Luís Barbalho Bezerra, empobrecido e doente nas lutas contra os holandeses no nordeste. Até este ano, os governadores da Capitania do Rio de Janeiro, todos da família Sá ou seus prepostos, governavam de suas casas.  Depois, esta casa, na rua Direita, vira a sede dos governadores.

1686: Câmara de Vereadores tenta lotear o Largo com casas vendidas a seus parentes, os carmelitas protestam a Pedro II, que em Decreto proíbe construções no Terreiro do Carmo. Considera-se este como o ano de nascimento da futura Praça XV. 

1698: Câmara de Vereadores adquire e adapta um sobrado, onde hoje é o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB).

1698: até então, as casas no lado esquerdo da praça eram alugadas pelos carmelitas. Adquiridas e demolidas pelo governo, constrói-se-se no local o armazém do sal e o de açúcar. Por falta de numerário, o Governador autoriza pagamento de impostos em gêneros. Armazéns abarrotados, depreciação do produto. Transferência da Casa da Moeda, da Bahia para o Rio, num dos armazéns. Corrida pelo ouro transformou o Rio, de antigo entreposto comercial em porto de escoamento do metal vindo das Minas.

séc. XVIII: a “Câmara Municipal e Cadeia” é agora um sobrado. Câmara de Vereadores não deixa erguerem prédios em frente ao convento e forte, preservando área como “rocio” ou “praça de comércio”; fiscaliza o comércio, guarda pesos e medidas oficiais, legisla sobre preços e custos, e coloca no “pelourinho” novas leis e nomes dos fora-da-lei.

1710: ataque do Corsário Jean François Duclerc, derrotado nos limites do Terreiro do Carmo

1711: René Duguay Trouin toma a cidade após curta batalha, saqueia armazéns por mais de 30 dias e se retira

1725-1732: chamado de “o tempo do Onça”, apelido do governador e capitão-geral Luís Vahia Monteiro. Ranzinza, austero, em uma carta ao rei dom João V, declara:«Nesta terra todos roubam; só eu não roubo.

1733: governa a Capitania e parte sul do Brasil, o General Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela. Do Rei D. João V de Portugal, obteve outro lugar para o executivo. Reforma e amplia os Armazéns Reais.

1743: no local onde antes eram os armazéns instala-se a Casa Real dos Contratos, com várias repartições públicas. É o nascimento do Paço (diminutivo de Palácio) dos Governadores (obras levam dois anos). Do outro lado da praça, casas são derrubadas e substituídas por sobrados.

1747: Governador Gomes Freire inaugura, em mármore, o segundo chafariz da cidade (o primeiro,  de 1726, ficava no Largo da Carioca), que também recebe águas do Rio Carioca pelo aqueduto. Local: onde hoje é monumento ao Marechal Osório.

1747-50: como a igreja de Santa Cruz dos Militares só aceitava soldados de alta patente e a nobreza, funda-se a igreja da Lapa dos Mascates ou dos Mercadores, na Travessa do Comércio com Rua do Ouvidor (onde intensifica-se o comércio de roupas, fazendas, artigos de armarinho e miudezas em cubículos pertencente aos mascates).
Praça em 1750
1761: construção do convento dos carmelitas, atual Faculdade Cândido Mendes

1757: no local da Tabacaria Africana, funciona o Senado da Câmara, novo nome da Câmara de Vereadores.

1763: o Vice-Reinado passa da Bahia para o Rio. A Casa dos Governadores passa a ser o Paço Vice-Real ou palácio de despachos do Vice-Rei Conde da Cunha, e é mais usado como local de trabalho do que residência oficial. O Paço abriga dois assuntos básicos: a proteção à cidade de ataques estrangeiros com melhores fortificações; e o comércio do Rio, muito desenvolvido pela circulação do ouro. 

1779-89: o Vice-Rei D. Luís de Vasconcellos e Souza constrói um chafariz e um novo cais de pedra. O projeto é do Mestre Valentim da Fonseca e Silva, com ajuda do engenheiro Jean Jacques Funck. Fornece água à cidade e aos barcos. O "Chafariz da Pirâmide", como passa a ser conhecido, recebe água do rio Carioca, pelo Aqueduto, através de canos de pedra pela rua do Cano (atual Sete de Setembro). Em gnaisse carioca, tem em cima uma pirâmide com ornamentos, e em seu topo a Esfera Armilar, globo terrestre com paralelos e meridianos que simbolizava o poderio do Rei de Portugal no mundo. Na face para o mar, vêem-se as armas do Vice-Rei, e uma inscrição latina.

1780: a antiga rua do “Desvio do Mar” ou da “Cruz” passa a ser chamada de rua "do Ouvidor". 
Vítima de incêndio, em 1790, o Senado da Câmara só queima documentos específicos sobre posses territoriais.
1792: da cadeia velha, sai Tiradentes para ser enforcado no Campo de São Domingos

1808: chegada da família real de Portugal. D.João fica no Paço nos horários da tarde, agora conhecido como Paço Real. Instala-se aí a praça comercial mais importante do reino português, com a liberação dos portos. Funda-se o Banco do Brasil, num casarão da rua Direita. Liga-se o Paço ao Convento do Carmo por um passadiço, estabelecendo-se ali a Rainha D. Maria I, a louca. D.Carlota Joaquina, esposa de D.João, prefere Botafogo. A Casa da moeda vai para um prédio na rua da Lampadoza. Outro passadiço liga o Paço à Casa de Câmara e Cadeia, adaptada para funcionários da Casa Real. Além da rainha, o convento do Carmo também passa a abrigar o Real Gabinete de Física, a Real Ucharia (no térreo) e a Real Biblioteca (nos fundos).

Depois da chegada da corte: a praça passa a ser conhecida como Terreiro ou Largo do Paço.

1808-1842: construção da atual igreja de São José.
A praça em 1840.
Início do séc. XIX: arco “do Telles” é mal freqüentado, conhecido como reduto da bruxa Bárbara dos Prazeres, ex-prostituta, que produz poção rejuvenescedora com sangue de crianças.

1870: demole-se o Paço imperial, substituído por prédio atual

1838: o Chafariz da Pirâmide começa a se afastar do mar por sucessivos aterros.

1865: Praça XV passa a ser conhecida como praça Pedro II

1889: Praça ganha o nome de XV de novembro, o dia da proclamação da república.

Para ver a Praça mudando, gradativamente, acesse "Praça XV 1580 a 2002 - Um passeio no tempo", no site do Instituto Pereira Passos.

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